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nš 60, octubre 2024
x Beth Fernandes[1]
Como se prepara a heroína para fazê-la herói? Desde o berço, quando lhe põem fitinhas na cabeça e ornam o quarto de cor-de-rosa - a cor primária e suas possibilidades de desdobramento (o azul do céu) poderia criar perigosas idéias de amplidão -, ela sabe o que a espera: transformar o caçador em criador, enxergando-o através da fantasia que ele sequer supõe.
Imagen de Flavia Mauro, @flaviamauro77
Enquanto cresce imune às tentativas de domesticá-la, a coletora exerce a curiosidade e se prepara investigando o pai, herói mais próximo. Deixa a enorme cabeleira solta para que ele enfie os dedos, provocando arrepios de causas que ela desconhece, mas adivinha. De repente, corta-os bem curtinhos e aí começa a avalanche de perplexidades com que vai, sempre, provocar o seu contrário para fazê-lo mais igual, sempre mantendo a diferença que lhe é tão cara.
A primeira menstruação traz, ao mesmo tempo, um medo enorme do desconhecido e a disposição de enfrentá-lo com a certeza intuitiva de ser um trunfo, uma coisa só sua e que a faz superior na consciência de abrigar um mistério que ainda não é o da procriação, mas o de ser mulher. Ela finge estar desconcertada, ensaia timidez, mas carrega um orgulho tão quente quanto o sangue que escorre entre as pernas. De alguma forma, tem a consciência de estar ali o caminho de saída. Para onde? Isso não é importante, o que vale é ter um caminho.
Os peitinhos que começam a crescer ela os esconde para resguardar o espaço de menina que nunca vai perder. Na rua, ao primeiro olhar cobiçoso, empina o que ainda não existe; troca o beicinho por um novo exercício de sedução que vai para atrair o caçador. Adivinha a busca infinita, como, aliás, são todos os sentimentos que abriga, e empunha o cesto. O embrião de coletora se dá à luz e começa a percorrer o caminho, o que importa.
O grande e eterno amor ─primeiro de uma série que vai perseguir durante toda a vida─ chega antes da puberdade. As bonecas são trocadas pelo vai-e-vem nas calçadas, à espera de um olhar que a fará ruborizar, se conseguir que ele a veja entre um lance e outro do futebol. No futuro, disputará a atenção dele com a moto envenenada, a pescaria, a luta de box na TV, os projetos profissionais, o happy-hour das sextas-feiras. Ela já sabe que terá de ser engraçadinha, mas séria como a mãe dele, e prepara o arsenal de sorrisos, olhares, rubores, pequenos mimos. O sabor da conquista enche de versos páginas e mais páginas, num sonho que a pequena heroína ainda não sabe qual é, mas tem a certeza de alcançar.
Ninguém imagina, ─talvez a mãe, coletora experiente─ que a estas alturas ela já tem a vida decidida, até mudar de idéia. Vai estudar, ler milhões de livros, ser professora, ganhar muito dinheiro, viver ao lado seu herói, ter filhos que nascerão, não sabe bem como, depois do beijo que sela o “até que a morte os separe”, e será feliz para sempre. Sempre? Acaba aí? Tão simples?
Cabelos bem curtos, a coletora encurta a saia já não tão comportada e começa a colecionar experiências. O laboratório tanto pode ser a casa como a escola. Ela vai atrasar para acordar e demorar horas ao espelho, ler romances na hora de estudar, fumar no banheiro, desdenhar todos os conselhos dos pais, escandalizar a freira dizendo que brigou com o namorado (que não existe) por ser muito respeitador e descobre o bidê. Ah, o bidê... as reações, de inócuas a iradas, lhe apontam novos atalhos para descobrir o sentido das tarefas impostas como alternativas únicas.
A estas alturas, nossa aprendiz de coletora já decidiu que vai prosseguir sozinha (mas só até encontrar o seu príncipe encantado) na rota de descobertas que a fazem desviar, voltar atrás, ultrapassar num salto, mas seguir em frente. Chega atrasada às aulas, mas participa de todos os debates; funda um grupo comunitário e passa os finais de semana na periferia, exibindo filmes de Bergman e Fellini; vai trabalhar de estagiária num jornal, onde descobre que não aprendeu nada e não tem ninguém para lhe ensinar; financia o macarrão naquela república onde mora um grupo de teatro mambembe; faz questão de faltar à missa; calça alpargatas; escreve longos e inéditos poemas denunciando a injustiça social; faz-se de sabida na roda de boêmia. Em casa, aprende a fazer manjares, por a mesa, esticar lençóis, afofar travesseiros, passar colarinhos e a nunca sentar à cabeceira da mesa ou na poltrona do papai.
*****
Um dia, à mesa do bar, o barbudo de olhos verdes pede licença para sentar ao seu lado. A conversa é inteligente (não prosseguiu nos estudos, mas leu muito e viu os mesmos filmes que ela), bem humorada. Ele conta de suas andanças pelo mundo e do sonho de ser escultor, arte que exercita nos finais de semana - trabalha para ajudar a família numerosa, filha de um sonhador como ele. Um esbarrão no braço provoca o já intermitente calor entre as pernas. É ele - bonito, não muito alto, inteligente, meigo, seguro, não promete nada a não ser o sonho - o herói que ela tanto buscou e a quem se entrega sem reservas.
Ele lhe oferece os troféus os quais adivinhara, mas não ousara sonhar. Acompanha suas andanças, ri das suas bobagens, explora os limites do seu corpo, acata suas vontades. O caçador feito presa quer lhe dar o céu como recompensa e começa a fazer planos, ter um trabalho fixo, comprar casa, fincar raízes. Um dia tirou a barba, e ela viu o retrato mal-acabado do executivo que não tinha mais tempo para sonhar. Culpa dela? Como, se ela o havia posto no colo e afagado suas mãos de escultor? Em que momento ela deu a entender que desejava mais que herói sem bandeiras a seu lado? A culpa teria sido do bolo que preparou para o aniversário da mãe dele, que sempre a trataria como intrusa?
De novo na estrada, a coletora sabe que o herói está escondido nalguma nuvem esperando que ela o descubra. Pode não ser bem nos moldes que ela imaginou, mas uma alisadinha daqui, um conselho dali, um beijinho antes, mordidas depois, o farão caber na forma, ou melhor, no cesto que jamais deixará de empunhar.
Não pensem os desavisados que, por se empenhar tanto na busca do herói desde a mais tenra idade, a coletora desdenhe de observar e apreender o tudo o que acontece a sua volta, num exercício que vai repetir a cada segundo da vida. Ao escolher a profissão, por exemplo, ela antecipa o futuro e começa a se preparar com leituras, cursos complementares e a ensaiar a postura que, quando chegar a hora, vai mudar conforme o ambiente, o chefe, os colegas, os objetivos a que se propôs. Estes, que irão muito além do ganhar dinheiro, ela só os conhecerá quando se lhe oferecerem as oportunidades.
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Ainda estagiária, chega ao trabalho com a certeza de que tem algo de grande a fazer e, muitas vezes, quando a situação exige, improvisa uma postura de caçador para se impor ao patrão cego a sua vontade de aprender. O disfarce não dura muito, em poucos dias conhece as dificuldades da encarregada da copa para criar os filhos, sabe que a gerente está se recuperando de uma sofrida decepção amorosa, adivinha o chefe imediato aspirando a uma promoção a qualquer preço, sabe os limites que lhe são impostos e do seu empenho, com todas as forças, para ultrapassá-los.
Mais cedo do que o esperado (pelo caçador, pois ela sempre soube que aconteceria) ela chega a chefe e é aí que seu jeito de ser inunda o escritório. Ela pode começar fazendo um concurso para escolher o novo uniforme dos operários ou derrubando divisórias, mas só vai fazê-lo depois de um olhar perspicaz à volta e de perceber o que se espera dela. A sala que ocupa - se não for possível estar num ambiente único - vai ter a mesa levada o mais perto possível da porta e da janela, artifício para sentir-se sempre solta, única condição em que consegue se enxergar.
Investiga os funcionários próximos com olhos de mãe que conhece as características e os sonhos de cada filho. Procura saber, em conversas formais e, principalmente, nos bate-papos do almoço ou de final de expediente ─sempre prolongado─, como são as pessoas com quem vai trabalhar, além da formação ou especialização que lhe oferecem. É bom que se diga que esses afazeres são parte do esforço da mulher em penetrar o universo da empresa e se inserir nele, como extensão da própria casa.
O que para o homem é considerado detalhe e supérfluo, para a coletora tem o dom de fazê-la sentir-se à vontade na inteireza que vai permitir o seu desempenho a cada novo desafio profissional. Examinar um projeto, participar de reuniões de diretoria, atender clientes ou fornecedores, dar palpites na cor da fachada do prédio ou desenvolver um novo produto, conversar com a copeira, tudo tem o mesmo tamanho, se a mulher dispusesse de uma escala para medir o grau, intenso, de interesse e atenção que dedica a cada coisa.
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Impossível? Então, como é que ela, nos tempos que o coletora ousa chamar de “jornada única”, ela dava conta de acordar marido e filhos, preparar o café da manhã ao gosto e de acordo com as necessidades de cada um, despedir-se com beijos e recomendações, cuidar do bebê, arrumar camas, lavar e passar roupas, preparar o almoço, costurar punhos e pijamas, sair às compras, trocar idéias com as amigas, lavar louças e arear panelas, ajudar nos deveres escolares, ensinar seus truques às filhas, preparar o jantar, ler romances, tocar piano, distribuir beijos e cobertores, aconselhar o marido, fazer-se desejável, preparar um novo bebê?
Ao sair para trabalhar, a mulher criou clones ─muito antes do que o caçador os desenvolvesse em laboratório, e mais perfeitos─ de si mesma. São várias em uma, ou será uma em várias? Tanto faz. O que importa é que a mulher continua organizando o lar para marido e filhos ─embora já não se sinta obrigada a tê-los─, tem uma vida profissional tão intensa quanto a sua capacidade de querer participar de tudo o tempo todo, e viverá tantas outras vidas que se ponham a sua frente. Pode ser voluntária num curso de alfabetização noturno, pintora nos finais de semana, ginasta no horário do almoço, catequista aos domingos, amante em horários roubados. Coletora todo o tempo, quer arrumar a casa.
Por arrumar a casa ela entende fazer o maior número de pessoas felizes na maior parte do tempo. Sugere que a demissão da gerente que não deu certo seja transformada em transferência para um departamento onde possa exercer suas habilidades sob comando; que dos erros passados sejam aproveitados os acertos, pois sempre os haverá; lembra o nome de um técnico que está esquecido num projeto menor ─e que ela conheceu no cafezinho─ para conduzir as mudanças necessárias; o recomeço, propõe, será uma campanha para recuperar a autoestima de toda a cadeia funcional.
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Sinuosa, percebe que a estrada do caçador não tem curvas. Bobagem? Então observe, paciente leitor, um homem ao volante. Veja-o, imponente como um pênis ereto, numa curva fechada, ligar as setas para a direita e “abrir” à esquerda antes da conversão, em ângulo reto. Nas curvas em S, note, ele segue reto na diagonal, como a flecha do arco que não sabe mais manusear. Se também fossem apressadas em adjetivar, as coletoras poderiam qualificá-los de retilíneos, como o diretor que, ao ver alguém anotando suas palavras, mantém a frase no ar até certificar-se que foi colocada uma vírgula no texto, de acordo com a sua pausa.
É difícil para a coletora entender, mas esse é apenas mais um dos pontos de conflito de interesses entre ela e o caçador. No trabalho, a visão “grande angular” da coletora é vista como intromissão em assuntos que não lhe competem; a proposta de mudanças, como perigosa aventura; os acertos, como coincidências; a promoção, como concessão. A coletora, no prazer de empreender as curvas que proporcionam novas paisagens, ou mesmo de percorrer desvios ─ainda que tornem mais comprido o percurso─ só para conhecer um novo caminho, acaba encontrando formas de convivência, senão tranqüila, amistosa dentro da empresa. Sabedora da vocação de herói do caçador, ela vai lhe contando, aos poucos, os pedaços do que vê, para que ele goze o prazer de montar o quebra-cabeça; coloca a necessidade de mudar como um desafio, que ele certamente enfrentará; credita seus acertos aos conselhos dele e fica muito, muito grata pela promoção. Será daí o dito popular “a mulher faz o homem”?
Logo que ela chega, principalmente quando substitui um homem no cargo, a primeira reação é de desconfiança. As mudanças físicas no ambiente são vistas como extravagâncias e a disposição para conversar como ameaça à permanência de cada um no emprego. O jogo da conquista, a que ela está habituada, é um longo, sinuoso e empolgante caminho a descobrir. E aí vem mais uma pergunta até hoje não respondida - ou respondida de forma apressada ─a mulher sabe lidar com as características de cada pessoa porque pode ser mãe, ou pode ser mãe porque é mulher?
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A mulher começou a interessar ao caçador cientista ao chamado do caçador empresário quando, já travestida em cidadã, ela passou a integrar o processo produtivo. Seus ciclos menstruais foram esquadrinhados até chegar ao controle da concepção ─ao qual ele não se submeteria─, criaram-se siglas e síndromes para tentar controlar seus humores e disposição para o trabalho. Até a capacidade feminina de igualar seu ciclo menstrual, e que favorece a cumplicidade entre as coletoras que passam muito tempo juntas e as faz unidas para superar os limites fisiológicos, virou síndrome, certamente assustadora para o caçador, que até hoje não entende porque a mulher chora como criança só porque ele disse que não queria jantar.
Mais uma vez ela se adapta e a contra concepção passa a ser uma aliada da coletora. Agora ela decide se, como, quando e de quem ter o filho, que passa a ser dela, e não mais uma dádiva inexorável ao caçador na sua volta para casa com dois coelhos no embornal. A homenagem à coletora tem de estar à altura da promessa de continuação que o caçador pretende. Por entender que o filho não é continuidade, sequer dela própria, mas a criação de um novo sonho, muitas coletoras decidem não o concretizar, ou por estarem emaranhadas no seu eterno turbilhão de sonhos, ou por não encontrarem um herói a quem presentear.
A avalanche de sentimentos que a coletora provoca aonde passa merece logo um adjetivo. Irracional, sentencia o caçador apressado. Ela bem que tenta explicar que além do racional e do irracional existem os sentimentos, as emoções, os sonhos que a fazem mais forte e funcionam como alavanca da realidade.
O tempo é, depois do sonho, o que ela mais sabe administrar. Em meio ao lançamento de um grande projeto atende a amiga aflita e a aconselha a fazer compressas na criança febril; levanta-se, discretamente, da mesa no almoço com o ministro para telefonar ao namorado ─com quem havia brigado na véspera─ vítima de demissão injusta; larga a reunião de diretoria pela metade para comprar soro e atender o filho doente; faz as unhas no aeroporto; escreve projetos no avião; e à noite se lambuza num banho perfumado para uma longa jornada erótica. O dia da coletora tem tantas horas quantas ela puder criar para atender os que a procuram e, ainda, os que ela quer procurar.
E já que o tema é administrar, é assim também que ela opera o dinheiro que ganha, cuja única finalidade é lastrear seus sonhos. As despesas básicas estarão garantidas, e sempre dará um jeito de não faltar para os presentinhos de aniversário, uma parada na confeitaria, aquele vaso “feito de encomenda” para a mesa da sala, um lingerie ousado ou uma passagem de avião para passar a noite com o namorado a trabalho em outra cidade. O futuro? Ela dará um jeito, não foi assim até hoje?
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Com essas características, pensariam os desavisados, a coletora será certamente sucesso na política. Ledo engano, se a política aqui referida for a que se pratica no Congresso Nacional. Ali, a mulher ocupa posição de absoluta minoria, distribui-se pelos variadíssimos e tão semelhantes partidos brasileiros, mas, como seria de se esperar, acaba atuando em bloco com as companheiras de todas as cores no debate de temas que representem melhoria da qualidade de vida da atual e futura geração. Educação, saúde, família, liberdade são prioridades absolutas na sua atenção.
Apaixonada por uma causa, ou por um caçador, a coletora conta com a cumplicidade de suas iguais. Em se tratando da causa, elas espalham como grãos de areia ao vento as necessidades, ações a cumprir, resultados a alcançar. A disputa só interessa a elas enquanto expõem suas vantagens sobre as outras, se o caçador não as reconhece, pior para ele.
Curar o coração partido ou viver um grande amor são sempre a melhor desculpa para inventar uma viagem. Terá de ser para aquela maravilhosa praia rústica, no Nordeste, onde viveu momentos maravilhosos no ano anterior, ou para a serra gaúcha, que deve ser linda, com suas casinhas de boneca e vinho ao pé da lareira. A viagem começa muito antes do arrumar as malas ─e do colocar um pouco da casa e da família dentro delas. Escolhido o roteiro, nossa coletora sai em busca de informações e mais informações sobre o destino.
Não espere dela o cumprimento de roteiros pré-estabelecidos e o cumprimento de horários. As férias representam a liberdade que ela carrega consigo na mala, onde jogou o relógio assim que chegou ao destino. A cada curva, que ela espera com a ansiedade de crianças às vésperas do Natal, a nova paisagem vai ser objeto de inúmeros comentários e, boa parte das vezes, início de um conto que a coletora vai escrever e reescrever milhares de vezes em pensamento. Uma praia deserta fará dela um grão de areia ou um albatroz, quem sabe um peixe colorido, tanto faz, o certo é que ela vai parar o carro e sair caminhando descalça na areia, contra e a favor do vento. Se o vai-e-vem do mar entrar no compasso dos seus sentimentos é lá mesmo que ela vai ficar.
Em cada canto vai procurar por lembrancinhas para a família e amigos e frequentar os lugares aonde os da terra vão, embora não dispense as atrações turísticas para compor o álbum de imagens (o de fotografias fica por conta do caçador) a serem guardadas na lembrança com detalhes. A coletora esquadrinha o cenário com seus personagens, tal qual um enorme palco onde encena o papel de turista e busca ser parte.
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Caminha pelas ruas com o mesmo andar e para com a mesma curiosidade frente a uma casinha antiga ou um palácio, como costuma fazer na sua cidade, desde quando descobriu que o mundo foi feito para ela, seu herói e todos os que carrega com ela, saibam eles ou não. No caminho de volta, a bagagem disposta com o mesmo cuidado da partida, a coletora já se sente em casa, ainda que a quilômetros de distância. Começa a planejar a lista de compras, os telefonemas a dar, o café da manhã precário do dia seguinte, o pagamento das contas, a distribuição dos presentes, a visita à avó, a roupa para trabalhar na segunda-feira. Não a chame de dura, caçador. Você sabe que ela é macia como os travesseiros de pena que sua mãe colocava na cama. A textura da alma da coletora é macia como a argila que se molda e se transforma e se desmancha para se moldar de novo a qualquer movimento que se lhe imponha, desde que esteja molhada. A água do peixe mulher é o sonho, que nunca vai caber num aquário.
Aos 69 anos de idade, Beth Fernandes é jornalista e trabalha ativamente em movimentos pelo reconhecimento da literatura escrita por mulheres, fazendo parte do Mulherio das Letras, que congrega cerca de 8 mil mulheres no Brasil e em países da Europa e nos Estados Unidos. Publicou o livro de poemas De ponta-cabeça, em 2019, com o qual foi finalista do Prêmio Jabuti, e participa de mais de dez antologias no Brasil, Estados Unidos, Ilhas Canárias e Portugal, com poesias e contos.
Facebook: www.facebook.com/beth.fernandes.75/ Instagram: @beth.fernand05
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